- Paulo Henrique Faria
2020: o difícil ano na política nacional
Atualizado: 16 de mai. de 2021
Paulo Henrique Faria
Formado em jornalismo e pós-graduado em História Cultural. É analista político e vocalista de duas bandas de Heavy Metal nas horas vagas.
Neste conturbadíssimo ano de 2020 muita coisa aconteceu no cenário político do Brasil. Jair Bolsonaro viu sua popularidade derreter nos dois primeiros meses de pandemia, mas, com o auxilio emergencial recuperou parte relevante da sua aprovação na sequência. É verdade que os dados são inferiores aos últimos quatro ex-Presidentes eleitos (Collor, FHC, Lula e Dilma), entretanto foi o suficiente para impedir um, mais do que justo, processo de impeachment.
O Presidente brasileiro foi o líder mundial com pior atuação no combate ao Coronavírus em todo o Globo!
Até o momento que escrevo esse artigo já são mais de 190 mil mortes e mais de 7,4 milhões de infectados; números com subnotificações, é claro. Além disso, os escândalos no Governo ganharam ainda mais destaques, houve a união escancarada com o Centrão corrupto e fisiológico – desculpem-me pelo pleonasmo – bem como o lançamento desesperado de “cortinas de fumaça” na internet, tudo para acobertar os podres do filho Flávio Bolsonaro e o amigão Fabrício Queiroz.
Do ponto de vista da Esquerda e/ou Campo Progressista destacaram-se Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL). O ex-governador pedetista subiu o tom nas críticas ao mandato criminoso de Bolsonaro. Entrou junto à bancada do PDT na Câmara com representações contra a nomeação do duvidoso Alexandre Ramagem para Polícia Federal e entregou o pedido de impedimento, até hoje, melhor fundamentado. Já Boulos ganhou sua relevância no pleito municipal de São Paulo, onde fez uma bela campanha e foi ao segundo turno contra o atual Prefeito Bruno Covas (PSDB).

(Bastidores do debate presidencial na Globo em 2018 com Ciro Gomes e Guilherme Boulos – Reuters)
Já que abordamos as eleições para prefeitos, o PSOL conseguiu eleger Edmilson Rodrigues em Belém e o PDT reelegeu Edvaldo Nogueira em Aracaju e ainda fez o sucessor em Fortaleza com Sarto Nogueira. O partido de Brizola conquistou ao todo 314 cidades e se reafirmou como a sigla progressista de maior capilaridade Brasil afora. A dobradinha com o PSB foi crucial para tal, verdade seja dita. Como vice dos pessebistas ajudou ainda nas vitórias de João Campos em Recife e JHC em Maceió. Mas e o PT?! Bem, o Partido dos Trabalhadores foi de longe o grande derrotado deste pleito eleitoral. Fez apenas 183 prefeitos e não ganhou em nenhuma Capital nos Estados. O Antipetismo continua como a maior força política sim ou com toda certeza?
Depois da derrota acachapante nas urnas o PT deveria fazer a urgente autocrítica e tentar algum diálogo com as outras lideranças do campo democrático. Todavia, enquanto Ciro dava importantes entrevistas para Datena na rádio Bandeirantes e Sakamoto na UOL, a blogosfera lulopetista o atacava todos os dias. Os outrora respeitados jornalistas Cynara Menezes, Renato Rovai, Leonardo Attuch e Kiko Nogueira usam seus respectivos sites para servir ao trabalho sujo da burocracia do PT. Tudo isso com o curioso cessar-fogo entre o próprio Ciro Gomes e Lula no início de setembro.
Pra além da disputa hegemônica na Esquerda, o Centrão (MDB, DEM, PSD e Progressistas) se saiu como o verdadeiro vencedor das eleições 2020. Conquistaram vários municípios relevantes, com ênfase para as muitas capitais.
Já Bolsonaro, passou vergonha tanto com Russomano em São Paulo, quanto com Crivella no Rio de Janeiro. E ainda perdeu outra vez neste último domingo (20/12) com Josiel Alcolumbre (DEM) em Macapá. O político é irmão de Davi Alcolumbre (DEM-AP) presidente do Senado e foi derrotado por Dr. Furlan do Cidadania de virada no segundo turno.
Em 2020 foram inúmeros acontecimentos políticos no Brasil e Mundo. Bolsonaro perdeu sua maior referência Donald Trump nos Estados Unidos e irá atravessar a pior crise econômica que já tivemos por aqui. Nos tornamos páreas no que tange o combate ao desmatamento e, agora, também seremos na vacinação contra o Covid-19.
Em fevereiro teremos decisivas eleições para as presidências na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Por fim, digo que sim, estamos todos ansiosos para que os 365 dias mais difíceis dos últimos tempos se finde. E, como o genial Caetano Veloso bem disse na sua live do último sábado: “Feliz 2001!”; sim, pois vivemos uma espécie de bug do milênio e 2021 tem uma perspectiva nada animadora.
Os textos da coluna de Opinião não representam a visão e posição do WeColetivo, que se dá somente por seus editoriais. A responsabilidade pelos textos desta coluna é inteira de seus autores.