- Carlos Eugênio dos Santos Lemos
28 de junho: Dia Internacional do orgulho LGBT+
É preciso recuperar o espírito de Stonewall Inn para manter a luta e atravessar ódios e preconceitos

Foto: Stonewall Inn em Nova York
O dia 28 de junho é marcado como o dia internacional do orgulho LGBT+ por todo o mundo, mas você sabe o motivo? Bem, em 1969 em um bar Stonewall Inn em Nova York, nos Estados Unidos. Agentes da polícia tentaram prender 13 pessoas no local, o fato era que, até 1966 era proibido que gays se reunissem em locais públicos. O pretexto usado era a suposta incitação de desordem por parte de pessoas LGBT. Contudo, aconteceu um levante popular no local, fato que fez os agentes policiais pedirem reforços para conter as pessoas.
Nos dias seguintes ao episódio, uma série de mobilizações conseguiu reunir milhares de pessoas de diferentes locais da cidade. Um ano depois, em memória ao episódio, uma multidão marchou do bar até o Central Park, na que é considerada a primeira Parada Gay dos Estados Unidos, consagrando assim o Dia do Orgulho LGBTQIA+.
Em 2016, no governo Obama, o local passou a ser monumento nacional de reconhecimento à importância na luta pelos direitos da comunidade LGBT+.
Brasil: Dois anos após o Supremo Tribunal Federal criminalizar a LGBTfobia
Segundo estudo da organização internacional All Out em parceria com o Instituto Matizes, existem 34 barreiras para o reconhecimento da criminalização da LGBTfobia no Brasil.
“É o caráter não-ocasional e sistemático do conjunto de problemas identificados que nos permite afirmar que tais barreiras, reunidas, constituem uma violência institucional LGBTIfóbica cometida por órgãos e agentes do Estado que impossibilita o reconhecimento da criminalização da LGBTIfobia no Brasil.” Afirma o estudo.

Foto: Organização All Out

Foto: Organização All Out
“As ações e políticas de enfrentamento à LGBTIfobia estabelecidas em estados e municípios nas últimas décadas tiveram um papel decisivo no fortalecimento de esforços direcionados a garantir atendimento e acolhimento adequado a vítimas LGBTI+. A efetividade dessas medidas, porém, acaba por depender de investimento e disposição política de governantes.” Afirma o estudo.
Representatividade: O retrato da comunidade em filmes, séries e música
A palavra representatividade significa algo caro para a comunidade LGBT+, existe toda uma geração que cresceu assistindo filmes de comédia romântica, mas quantas tinham um casal LGBT? Quantas tinham como enredo principal o relacionamento entre dois homens ou duas mulheres? Acredito que uma grande parte dos amantes de filmes se lembre de um, o clássico “O Segredo de Brokeback Mountain” de 2005 do diretor Ang Lee.
Netflix e Disney são hoje as grandes distribuidoras de conteúdo, em 2018 a Netflix lançou “Alex Strangelove” e com a compra da Fox pela Disney, a empresa contou com a aquisição de “Love, Simon” também lançado em 2018. Ambos os filmes têm um molde de filme drama adolescente, a diferença é o casal principal e a dinâmica que encanta o público e deixa todo mundo vidrado na tela querendo saber o que o personagem vai fazer no próximo take.
Hoje existe toda uma geração crescendo com um catálogo mais amplo de superproduções dos grandes estúdios, exemplo de uma grande produção é a série “Love, Victor”, o nome já entrega, a série é derivada do universo de “Love, Simon”.

Foto: Seriado Love, Victor
A série é um drama adolescente que retrata a vida de Victor, um adolescente de uma família meio porto-riquenha, meio colombiano-americana que mora em Atlanta. Na série nós acompanhamos o desenvolver do personagem em diversas situações do dia a dia na escola, suas amizades, suas questões com a família, e não menos importante que isso, os seus interesses amorosos e como ele lida com tudo isso.
Segundo a crítica de Love, Victor do site Espalha Factos: “Love, Victor é, desde o seu primeiro episódio, uma série bem construída sobre uma história de coming-out, demasiado rara ainda na televisão, mas que se tornou cada vez mais familiar na última década, em séries como Vida, Sex Education e One Day at a Time, que incluem arcos narrativos sobre personagens jovens gays. Mas, para além disso, são séries sobre personagens cuja vida também é marcada por não serem brancos, o que torna ainda mais complicada a revelação da sua homossexualidade.”
É a mistura de tudo que presenciamos ao longo dos anos em dramas adolescentes americanos, mas dessa vez o casal principal é de dois jovens rapazes. Entretanto, mesmo com o molde geral formatando o show, a série consegue se destacar com suas características únicas para o público, lhe rendendo um sucesso tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.

Foto: Drama coreano Color Rush
Enquanto o mundo ocidental se abre para a produção de conteúdo LGBT+, na Ásia temos dramas sendo produzidos em escala. Um país que se destaca nesse aspecto é a Tailândia, casa de diversas produções. As produções ganham tamanha capilaridade ao ponto de criar comunidades de fãs em diversos países, como no Brasil.
A categoria BL (Boys Love) se expande a cada sucesso que se consolida no público.

Foto: Pabllo Vittar

Foto: Gloria Groove
Saindo um pouco do universo cinematográfico e indo para o mundo da música temos os grandes sucessos na música brasileira, Pablo Vittar e Gloria Groove. As cantoras são donas de hits que animam as festas tiram todo mundo para dançar, Pablo Vittar já fez 4 turnês e 4 álbuns, com Batidão Tropical recém lançado.
Pride Day: Existe motivos para se comemorar, mas também para se preocupar
Ao longo desse artigo conversamos sobre representatividade, a sua importância e tudo aquilo que a comunidade LGBT+ já conseguiu. O fato de ter conteúdos direcionados à comunidade sendo produzidos é de comemorar, ter conteúdos que abordam questões que ocorrem ou podem ocorrer com pessoas LGBT é uma vitória.
Mas, enquanto a indústria midiática aceita cada vez mais dar espaço para essas questões, ainda existe muito preconceito e dificuldades a se enfrentar. As conquistas devem ser comemoradas e utilizadas como combustível para se reivindicar ainda mais, o caminho é longo, mas não impossível.