- Neto Sousa
A necessidade de uma nova direita
Atualizado: 8 de jan. de 2021
Neto Sousa
Graduando em Ciências Contábeis na Universidade Federal do Ceará
Vivemos em um país que há muito não experimentava um governo à direita. Após 8 anos de PSDB e 13 de PT, o Brasil enfim resolveu, nas urnas, navegar rumo à “destra” administrativa. Há quem diga que PSDB nem é esquerda e os companheiros mais fervorosos dirão que o PT abriu muita mão de sua ideologia pra assumir o Executivo Federal, mas a verdade é que, um plano de governo realmente voltado para uma ideologia mais à direita só foi eleito realmente agora.
Em 2018, em meio a uma ressaca moral de Petismo, o Brasileiro se viu em uma situação de escolher o “menos ruim” no segundo turno da eleição presidencial. Você pode até achar que a eleição era entre Bolsonaro e Haddad, pelo menos era o que tinha registrado nas urnas. Mas na verdade a eleição era do antipetismo contra o anti-“pseudofacismo” e o povo mostrou-se muito mais preocupado em não retornar ao que tinha vivido nos anos anteriores que mergulhar em uma aventura às cegas com um governo que poderia limitar seus direitos.
Pois bem, eleição passou e o Brasil entrou em um governo de direita. Mas a pergunta é: “Será que esta era a direita que precisávamos?”
Quando esticamos um elástico muito em uma direção, ao soltarmos ele irá com a mesma intensidade ao outro lado. Da mesma forma a política. Saímos de anos de governos de esquerda e rumamos ao extremo oposto, uma direita muito conservadora e em alguns pontos radical.
Após passados 2 anos da eleição do Presidente que aí se encontra e de sua cartilha ideológica, a população aos poucos vê que o caminho não é “lá” nem “cá”. Com o resultado das eleições municipais de 2020, e a derrota do PT e de candidatos da extrema esquerda, juntamente de candidatos apoiados pelo Bolsonaro, aqueles que mais se aproximam do centro ganharam territórios importantes e voz no meio do caos gerado pelo estado pandêmico.
No espectro da esquerda, vimos a ascensão de Ciro Gomes, que adota um discurso cada vez mais moderado e tenta construir alguma ponte com o centro e a direita mais racional, porém, com grandes dificuldades nesta última por conta de seu negacionismo aos benefícios do liberalismo. Na outra ponta, no espectro da direita, ainda faltam nomes individuais que se apresentem como algo interessante para os seguidores desta corrente. Podemos destacar o trabalho legislativo no âmbito federal do Partido NOVO, que segue fiel à ideologia liberal mas sem as amarras retrógradas do conservadorismo extremo, porém, ainda peca pelo egocentrismo do presidente do partido João Amoedo, que não incentiva o destaque de novas lideranças.
Neste contexto, onde a imagem preponderante da direita é de um Presidente que busca a todo o custo o eterno embate e que cria teorias da conspiração para reforçar sua imagem com a população, e que na esquerda temos um verborrágico Ciro Gomes que, quando mantido sob controle, encanta a quem escuta por seu rico vocabulário de “doutor”, a direita pensante e propositiva perde muito espaço no cenário nacional.
Quando críticas são feitas ao atual governo, o mais comum de se ouvir é que a direita é muito desunida e precisa se unir. Na verdade, o que a direita precisa é PENSAR. Seguir cegamente alguém, em qualquer espectro ideológico, é maléfico para o governo e para a nação.
Restando dois anos para a eleição Presidencial, é chagada a hora da apresentação de um novo nome da direita que possa desenvolver nosso país sem buscar rusgas infantis com TODOS os lados. Quem sabe assim poderemos sonhar com um segundo turno que não seja entre OS QUE AMAM O LULA x OS QUE ODEIAM O LULA. Enquanto não temos nada de concreto apresentado, fiquemos nos devaneios de um Brasil racional.
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