- Welyson Lima
Ciro Gomes: "Se o Congresso não cumprir o seu dever, pretendo derrotá-lo nas urnas" sobre Bolsonaro
Além de críticas ao governo, ex-ministro e presidenciável fez análises socioeconômicas sobre o Brasil.

O ex-governador do Ceará ex-ministro e vice-presidente do PDT nacional, Ciro Gomes, em artigo de opinião publicado pelo jornal Carta Capital, fez críticas contundentes ao presidente Bolsonaro no tocante à condução do governo federal no contexto da pandemia. Além das críticas, Ciro Gomes projetou análises sobre os rumos do país e expôs dados econômicos históricos sobre o Brasil.
De acordo com Ciro Gomes, "a pandemia vai passar, muito mais tardia e devastadoramente do que precisava ser entre nós, graças ao comportamento genocida e dramaticamente incompetente de Bolsonaro", escreveu. Para ele, a pandemia por Covid-19, vai deixar uma grande sequela na história do Brasil e na vida de milhares de brasileiros. "Aí restará o luto pelo mais de meio milhão de mortos que choraremos e uma terra arrasada por reconstruir", disse.
Porém, o pedetista segue esperançoso que é possível estabelecer ainda caminhos para fazer com o que Brasil possa conseguir se reestabelecer, tanto economicamente, quanto socialmente. "Condição essencial para tentarmos as soluções nada fáceis, mas perfeitamente possíveis, ainda, para o nosso futuro enquanto nação", diz.
Ciro Gomes ainda apresenta alguns dados econômicos que ilustram sua percepção da crise por qual passa o Brasil no governo Bolsonaro, mas ressalta que muitos dos problemas já existiam antes mesmo das eleições de 2018, que levaram Bolsonaro ao Palácio do Planalto. De acordo com ele, os números servem "para caracterizar o estado de terra arrasada que Bolsonaro e suas antecedências nos impuseram: 14,2% é a taxa de desemprego aberto, com o maior número de desempregados da história. São 34 milhões os brasileiros e brasileiras empurrados para a informalidade.
Entre novembro de 2020 e janeiro deste ano, 81% das novas ocupações eram informais. Menor poder de compra do salário mínimo (mensurado em cestas básicas), dos últimos 12 anos. IGPM (inflação do atacado) de 31% um dos maiores desde o Plano Real, que ajudei a consolidar (só é menor que a inflação do início do governo Lula). A economia brasileira caiu da nona posição mundial para a 12 e representa 2,4% do PIB do planeta, praticamente a metade do que representava em 1980 (4,3%) em dólar, a moeda de conversão internacional", são alguns dados mostrados por Ciro.
A respeito do presidente Bolsonaro, Ciro o considera "uma excrescência humana e política a ser banida da vida republicana pelos caminhos do Estado do direito democrático" e que continuará com o pedido de impeachment, que ele e o seu partido (PDT) já protocolaram por diversas vezes. "Luto por seu impeachment pelos continuados crimes de responsabilidade que tem cometido". Diz ainda que "Se o Congresso não cumprir o seu dever, pretendo derrotá-lo (Bolsonaro) nas urnas no ano que vem". Mas Ciro Gomes esclarece ao dizer que " Para entendermos, entretanto, o tamanho do nosso problema e acharmos o caminho da solução é necessário que se diga com fraqueza: Bolsonaro e Guedes agravam, e muito, o problema, mas este não foi criado por eles", enfatiza.
Ciro diz que "entre 1945 e 1980, o Brasil cresceu 7,34% ao ano, em média. Entre 1981, quando o velho modelo foi assassinado pela alta dos juros internacionais, os choques do petróleo, a ditadura e o início da aceleração da estonteante revolução tecnológica, e 2010 (eleição de Dilma Roussef), o País despencou para 2,7% de crescimento médio anual. Entre 2011 e 2020, o sinal definitivo, o outro, do fundo do poço: tivemos a pior década em matéria de crescimento em 120 anos (média de 0,3% ao ano). Foram seis anos de PT, dois de Temer e dois de Bolsonaro, a demonstrar que a demonstrar que o nosso problema não é trocar Chico por Mané ou Maria”, enfatiza.
Ciro Gomes que já foi candidato à presidência da República por três vezes, pretende disputar pela quarta vez. Traz consigo aquilo que ele considera “um novo projeto nacional de desenvolvimento” e garante que “ o passado é uma roupa que não nos serve mais”, finaliza.