- Tainara Cavalcante
Declarações de Bolsonaro dificultam relações com a China
As recentes falas do presidente sobre o país asiático causaram um mal estar que pode ter dificultado a liberação de insumos para a fabricação da CoronaVac pelo Butantan.

Mais cedo, a direção do Instituto Butantan afirmou que as declarações sobre a China feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comprometeram a liberação dos insumos pelo país.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o diretor da instituição, Dimas Covas, acrescentou que, embora a embaixada do país asiático no Brasil diga que não há nenhum conflito, ele sente a sensação de tensão por parte da China.
Tensão refletida na liberação de insumos, que segundo ele está mais lenta e limitada. O diretor ainda complementou que no dia 14 entregará mais 5 milhões de doses, depois disso, estima que possa faltar insumos.
E não só o instituto, mas também o governador de São Paulo, João Dória (PSDB). Em um evento para falar da liberação de doses da Coronavac, ele comentou que as falas do presidente causaram um “mal estar” entre as diplomacias.
Ele também reclamou a postura silenciosa do Ministério das Relações Exteriores. “Que Ministério das Relações Exteriores é esse que não faz relações positivas, construtivas, com países, seja pela economia, seja pelo fato de que a China é a principal provedora de insumos para as vacinas?" disse no evento.
Críticas do presidente
Caso esteja por fora, tudo aconteceu por causa de um comentário feito por Bolsonaro ontem (5). Ele sugeriu que a China estava se beneficiando economicamente da pandemia de COVID-19 e que o vírus poderia ter sido fabricado em laboratório.
"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês." disse o presidente em um evento no Palácio do Planalto.
É importante ressaltar que essa tese já foi derrubada pelas investigações da Organização Mundial da Saúde (OMS).