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  • Marcio Aurelio Soares

O campo está minado e o inimigo avançando


 

Por Marcio Aurelio Soares

Médico especialista em clínica médica, medicina do trabalho e saúde pública, autor de três livros e militante do PDT/ Santos.

 

Estamos no front de batalha. Apesar de estarmos guerreando em nosso terreno, o inimigo é pouco conhecido. A cada passo, perdemos um dos nossos. O batalhão exige: “Comandante, não podemos ficar parados, nossas provisões estão acabando”. O inimigo avança. Estamos perdendo. Uns deserdam, outros se aventuram à frente numa roleta-russa, outros se imobilizam pelo terror.


Este é o relato de uma guerra brasileira, uma guerra mundial, contra a Covid-19. A oferta de assistência médica vem margeando o colapso. Especialmente a pequena economia de subsistência às portas da falência. E falta tudo, desde medicamentos a oxigênio, devido a sua utilização intensas. São muitas as contradições sem respostas prontas, sem receitas mágicas, mas que exige um condutor, um líder, um comandante, o presidente da República, que tardou a tomar decisões.


Diante da ausência dessa liderança, o meio oficialato – governadores e prefeitos – a seu modo, tomam medidas isoladas mas que, no seu conjunto, não têm trazido o resultado exigido pela situação que é dramática.


Com a nova cepa, o vírus atinge uma população mais jovem, os leitos ficam ocupados por mais tempos e os recursos se esvaem. Não temos mais profissionais experientes e em quantidade suficiente para absorver tamanha demanda. E nossa taxa de letalidade de pacientes intubados em UTI, segue em 80%, muito superior à média internacional.


Diante de um campo minado, a tropa tem que se mover com extremo cuidado, utilizando detectores de vírus (testes) no máximo de pessoas possível e isolamento radical para casos positivos. Mas não é isso o que acontece por aqui. Não temos teste suficiente e, menos ainda, vacina para todos. Abrir as portas do comércio neste cenário é sinônimo de maior exposição, especialmente de adultos e jovens.


Ouso dizer que, diante da escassez de vacinas, a prioridade de imunização tem que mudar e ser compatível com o novo quadro epidemiológico que se apresenta com a nova, a P1, variante mais contagiosa. Ao contrário do que acontecia no ano passado quando os idosos se infectavam mais e mais gravemente, temos que vacinar a população que mais está adoecendo neste momento e aqueles segmentos mais vulneráveis socialmente.


O comandante não pode jogar as empresas na sarjeta e, muito menos, culpar-nos, os técnicos, por defendermos o isolamento social e por suas agruras econômicas. A resposta está em Brasília.


O povo está passando fome, as empresas estão falindo. Prefeitos, digam isso ao povo. Solidarizem-se pessoalmente, façam a sua parte mitigando consequências, principalmente atendendo nossas irmãs e irmãos que passam fome, e digam ao povo, “sozinhos, não temos armas suficientes para enfrentar este inimigo”. Bolsonaro terá que responder!

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