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  • Sheila Cristiane Vieira Almeida

Um Ensaio Sobre Economia Comportamental


 

Por Sheila Cristiane Vieira Almeida

Graduada em Finanças (UFC) e mestranda em Economia pela UEPG

 

O artigo Prospect Theory: an analysis of decision under risk (Teoria do Prospecto uma análise da decisão sob risco), publicado por Daniel Kahneman e Amos Tversky, em 1979, marcou os primeiros passos dentro da área de Economia Comportamental. Essa Teoria traz que o processo decisório pode levar as pessoas a perceberem os resultados da decisão como ganhos ou perdas em relação a um ponto de referência e não como alterações no estado final de riqueza ou bem-estar (KAHNEMAN; TVERSKY, 1979). As pesquisas de ambos renderam pela primeira vez um prêmio Nobel em Economia para Daniel Kahneman, primeiro psicólogo a receber um prêmio nessa área. Quando a premiação aconteceu Amos Tversky já havia falecido.


O conceito de aversão a perda é incompatível com a premissa da Teoria Moderna de Finanças segundo a qual o investidor racional considera o risco em função da mudança que ele irá proporcionar em seu nível de riqueza. Entretanto, o modelo comportamental, onde este conceito de aversão é tido como um dos pilares das Finanças Comportamentais, diz que o investidor pesa tanto as perdas quanto os ganhos, porém não dá a ambos a mesma amplitude psicológica. Para Kahneman e Tversky (1979), os investidores sentem muito mais a dor da perda do que o prazer obtido por um ganho desigual valor.


Para explicar a maneira como o investidor toma suas decisões a economia utiliza a Teoria Moderna de Finanças, que leva em consideração a tomada de decisões baseada unicamente em modelos estatísticos. Essa Teoria leva a convicção de que os mercados são eficientes. Para Vieira e Pereira (2009), a ideia central das Hipóteses dos Mercados Eficientes é que os investidores, ao movimentarem seu portfólio, agem sempre de maneira racional, onde se pondera todas as informações disponíveis e se considera todas as soluções para o problema, fazendo, então, que o mercado também haja assim e se auto regule.


Kahneman (2012) diz que, na visão dos economistas uma pessoa racional age sempre de acordo com a lógica, ponderando o seu aspecto negativo e positivo ao realizar uma escolha, ou seja, esta pessoa possui crenças internas bem consistentes. Contudo, ele mostra que este modelo de agente racional, que é comumente utilizado, não descreve de maneira correta o ser humano, pois este é passível de falhar em sua heurística no momento de tomar alguma decisão, causada principalmente por uma distorção de julgamento.


No intuito de desconstruir a visão apresentada pela Teoria da Utilidade Esperada (TUE) que ao tomar decisões o homem é sempre racional, nasce as Finanças Comportamentais. Cada pessoa apresenta um comportamento, personalidade, diferente dos demais. O que os economistas em geral classificam como “anomalia” de mercado a psicologia entende como algo característico da personalidade do ser humano (TOMASELLI, 2010). Um mercado que possui agentes com personalidades distintas, onde cada um age de acordo com o que acredita ser o melhor a ser feito, torna impossível a criação de um preço justo, partindo do pressuposto de que cada agente tenderá a julgar o preço de acordo com os seus vieses cognitivos, fazendo assim que o mercado não se regule automaticamente.

 

Referências

KAHNEMAN, D.; TVERSKY, A. Prospect theory: an analysis of decisions under risk. Econometrica, v. 47, n. 2, p. 263-291, march. 1979.

KAHNEMAN, D. (2012). Rápido e Devagar: Duas formas de Pensar. Rio de Janeiro: Objetiva.

TOMASELLI, T.R. (2010). A ACP e a tomada de decisão em investimentos. Fractal: Revista de Psicologia, 552-542. doi:10.1590/S1984-02922010000900006

VIEIRA, R. C., PEREIRA, A. N. (2009). Finanças Comportamentais no Brasil Um estudo bibliométrico. Revista de Gestão UDP, 16, 45-59, doi: 10.500/isnn.21-8736.rege.2009.36685.

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