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Venda de cloroquina e ivermectina aumenta 107% e 74% respectivamente em 2020 após apoio de Bolsonaro
Atualizado: 24 de jul. de 2021
Presidente defendeu medicamentos do "tratamento precoce", sem comprovação científica no enfrentamento a pandemia.

Dados levantados pela Anvisa referentes as vendas de medicamentos no ano de 2020 demonstraram o aumento na comercialização de remédios recomendados pelo presidente Jair Bolsonaro como forma de prevenir os efeitos da Covid-19.
O sulfato de hidroxicloroquina, usado contra lúpus, artrite e malária, mais que dobrou suas vendas em comparação com 2019 segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para o "tratamento precoce", segundo especialistas da área de saúde, não há comprovação científica de que esses medicamentos gerem qualquer defesa no sistema imunológico contra o vírus da Covid.
Em 2020, foram vendidos 6,38 milhões de embalagens de cloroquina. Em 2019, haviam sido 3,08 milhões. A alta foi de 107%. A quantidade de remédios por embalagem varia conforme os fabricantes.
No levantamento, foram consideradas todas as embalagens vendidas pelos laboratórios produtores do medicamento. Ou seja, estão incluídos também remédios vendidos para o governo para distribuição pelo SUS (Sistema Único de Saúde), hospitais e clínicas privadas e farmácias distribuidoras.
As vendas de ivermectina, usado contra piolhos e vermes, também tiveram grande aumento de comercialização durante a pandemia. Em 2019, foram vendidas 32,65 milhões de embalagens, enquanto em 2020 a venda do produto chegou a 56,8 milhões de embalagens (alta de 74%).
Os dados levantados pela Anvisa não incluem a produção do Exército. Somente os medicamentos elaborados pela indústria farmacêutica foram considerados na análise.
Não foi contabilizada a produção de remédios pelo Exército, que gastou mais de R$ 1,5 milhão para fabricar cloroquina, seguindo ordenamento do presidente Jair Bolsonaro. Os remédios estão, atualmente, estocados e sem uso, devido à diminuição da procura nos últimos meses.
O Exército já divulgou nota anteriormente defendendo a produção do remédio. O presidente Bolsonaro anteriormente defendeu em diversas ocasiões que o tratamento precoce deve ser feito, "mesmo sem comprovação científica e com autorização do paciente". Também afirmou que os remédios feitos pelo Exército não serão desperdiçados. Houve grande discussão política à época, indicando que Bolsonaro recomendava a utilização do remédio como forma de se precaver contra possíveis críticas ao estímulo que deu a compra em grandes volumes de cloroquina, o que poderia desgastar a sua imagem como gestor público.